TE-A-TRO
O teatro teve sua origem no século VI a.C., na Grécia, surgindo das festas dionisíacas realizadas em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho, do teatro e da fertilidade. Essas festas, que eram rituais sagrados, procissões e recitais que duravam dias seguidos, aconteciam uma vez por ano na primavera, períodos em que se fazia a colheita do vinho naquela região.
O TEATRO GREGO que hoje conhecemos surgiu, segundo historiadores, de um acontecimento inusitado. Quando um participante desse ritual sagrado resolve vestir uma máscara humana, ornada com cachos De uvas, sobe em seu tablado em praça pública e diz: “Eu sou Dionísio!”. Todos ficam espantados com a coragem desde ser humano colocar-se no lugar de um deus, ou melhor, fingir ser um deus, coisa que até então não havia acontecido, pois um deus era para ser louvado, era um ser intocável. Este homem chamava-se Téspis, considerado o primeiro ator da história do teatro ocidental.
Ele arriscou transformar o sagrado em profano, a verdade em faz-de-conta, o ritual em teatro, pela primeira vez, diante de outros, mostrou que poderíamos representar o outro. Este acontecimento é o marco inicial da ação dramática.
Paralelos a este acontecimento sociocultural, vão surgindo os prédios teatrais gregos, que eram construções ao ar livre, formadas em encostas para facilitar o escalonamento das arquibancadas. O prédio teatral grego era formado, basicamente, da seguinte estrutura: arquibancada, orquestra, thumelê, proscênio e palco.
TEATRO NA IDADE MEDIA
Na era medieval, dois lugares exerceram destacada função na vida do povo: as igrejas e as praças. O teatro existia nesses dois locais. No primeiro, representavam-se peças religiosas, versando sobre temas sagrados, extraídos da Bíblia ou de lendas piedosas.
Mas o teatro viu o seu público aumentar quando saiu dos templos e passou a ser apresentado nas praças; embora as peças tivessem sempre uma atmosfera religiosa, o tema era um pouco mais livre; chamavam-se peças "profanas".
Uma delas tinha o nome de "sottise" - palavra francesa que significa "tolice", "loucura". Todas as personagens fingiam ser loucos e diziam todas as verdades que desejavam falar, sem que fossem presos ou perseguidos, pois estavam, para todos os efeitos, "representando". Essas peças satíricas agradavam bastante o público. Nos papéis de loucos, os atores podiam dizer o que os espectadores não ousavam.
O teatro medieval floresceu, sobretudo na França e começou com as representações sacras, organizadas pelo clero para difundir os episódios religiosos mais interessantes. Nesse teatro, destacamos: os dramas litúrgicos, os milagres, os mistérios, a "sotie".
Os dramas litúrgicos representavam-se após a Missa, nos dias das grandes festividades, tendo como tema principal as cenas do Natal, da Paixão ou da Ressurreição de Cristo. No século XII, os Milagres substituíram os dramas litúrgicos. Nessa nova forma, os versos dão lugar à prosa e o latim vê-se preterido pelo francês. Além disso, os autores já não eram apenas sacerdotes, mas leigos, e as representações passaram a ser realizadas no adro das igrejas, abandonando o interior dos templos.
Outra característica distingue os Milagres: enredos profanos, embora de significação ou fundo moral.
O teatro religioso da Idade Média atingiu o seu clímax no século XV, quando apareceram os Mistérios, apresentados nas
praças. As cenas da história bíblica, assunto principal, viam-se intercaladas com episódios cômicos - as farsas -, o que evitava a monotonia dos espetáculos, geralmente muito longos.
O teatro da Idade da Idade Média refletia a atmosfera medieval, de cunho religioso. Nas igrejas ou nas praças, o povo assistia aos Mistérios, aos Milagres, às farsas, caracterizando-se como uma dramatização de fontes bíblicas. A própria "Divina Comédia", de Dante, foi uma obra poética com características de teatro, e marcada também pela visão das coisas divinas.
TEATRO CONTEMPORÂNEO
Os fundamentos estéticos vivenciados no século XIX, entre público e artistas, no âmbito do teatro, foram desafiados e ampliados no século XX, expandindo-se em experiências e inovações teatrais. Naquele momento o “Naturalismo” cênico dominava as convenções teatrais, e em seguida, no início do século XX, novos movimentos e experimentações artísticos começaram a surgir em oposição as regras dominantes. Desses experimentos se
destacam o Expressionismo alemão, o Teatro Épico, o Teatro da Crueldade e o Teatro do absurdo.
O melodrama burguês, no final século XIX, passa a privilegiar temas do cotidiano social e personagens comuns, rompendo com o idealismo romântico e fazendo surgir o Realismo. Anton Tchekhov (1860-1904), foi um dos representantes do Realismo, mostrando o dia-a-dia do povo russo, inovando no diálogo dramático e retratando o declínio da burguesia russa. Em suas obras destacam-se “A gaivota” e “O jardim das cerejeiras”. O Naturalismo Realista propõe um novo espaço para o diretor e o encenador. O russo Constantin Stanislavski,é o maior representante do “Naturalismo”, e chegou a criar um método específico de encenação/interpretação. O espaço cênico naturalista também precisou passar por mudanças, para dar condições visuais e acústicas ao público, já que a ideia central desta estética seria a identificação de cada pessoa na plateia com os personagens, de forma que a atmosfera da cena lhes causasse uma espécie de simulacro, uma segunda realidade.
Na Alemanha, por volta de 1910, teve início o Expressionismo, um movimento de rejeição ao Naturalismo e a encenação que pretendia criar uma ilusão da realidade. O expressionismo inovou radicalmente o cenário, apresentando uma leitura não realista, estilizando e distorcendo os elementos da cena. Pretendia chamar atenção do público para a arte em si mesma e não para a imitação da vida. Georg Kaiser (1878-1945) e Ernst Toller (1893-1939) foram os primeiros expressionistas no teatro, e em seus trabalhos buscavam mostrar a expressão do sentimento
humano, ao invés de apenas retratar a sua realidade externa. Exibindo ainda temáticas sociais, mostrando o homem em luta contra a mecanização desumanizadora da sociedade industrial.
Com a ascensão do nazismo na década de vinte, muitos artistas estavam preocupados em trabalhar temas coletivos, desta forma reforçando a abordagem anti-naturalista, que passa a ser conhecida como “Teatro Épico”, cujo pioneiro desta estética foi Erwin Piscator (1893-1966), que teve como discípulo e militante do Teatro Épico, o alemão dramaturgo e poeta lírico Bertolt Brecht (1898-1956).
Brecht propunha um teatro politizado, cujo objetivo era/é modificar a sociedade. A “Ópera dos Três Vinténs” (1928) é o trabalho de maior destaque na carreira de Brecht, cuja parceria é com o compositor Kurt Weill (1900-1950). Esta obra apresentou uma nova forma de teatro musical, misturando a estética de cabaré com a sátira de cunho social. Brecht criou o “Efeito de Distanciamento que permitia ao público distanciar-se dos personagens e da ação dramática, utilizando recursos de diálogos estilizados, no uso da canção-narrativa, elementos cênicos informativos, etc.”.
Sua pretensão era não hipnotizar o espectador, mas despertá-lo para uma reflexão crítica, rompendo
com a ilusão através do estranhamento, e deixando claro a todos que teatro não é vida real. Neste mesmo período, acontece o “futurismo”, em que a proposta teatral, na antiga União Soviética, era agitar e fazer propaganda, com o intuito de demolir todos os valores antigos daquela sociedade. Já na Itália pretendia-se glorificar a violência, a força e a industrialização. Os italianos, liderados por Filippo Tommaso Marinetti, evoluem para o, enquanto os russos, tendo à
frente Vladimir Maiakovski, usam o teatro para difundir o comunismo.
O Russo Vsevolod Emilievich Meyerhold (1874-1940), trabalhou com Stanislavski e em 1905 passa de ator a diretor teatral, encenando várias peças de Maiakovski, utilizando o cinema como recurso teatral. Meyerhold abre espaço para o teatro interativo, por acreditar que o ator não deve ficar escravo do texto, propondo em algumas montagens, a circulação de atores na plateia e do público em cena.
No final do século XIX, Alfred Jarry (1873-1907) criou a peça “Ubu-rei”, onde o personagem Pai Ubu causou impacto, pois a peça apresentava faceta de sátira grotesca, paródia violenta, linguagem de baixo calão, e até mesmo fragmentação exagerada dos diálogos. Mas foi Jarry o precursor do movimento “Surrealista” no teatro, abrindo as portas para o “Teatro do Absurdo”. O termo “Teatro do Absurdo” só foi cunhado, em 1961, pelo crítico teatral Martin Esslin, ao se referir às peças que possuem um olhar de uma humanidade perdida num mundo sem sentido.
O “Teatro da Crueldade.” é uma proposta teatral desenvolvida na França, por Antonin Artaud (1896-1948). Artaud apresenta em seu livro “O Teatro e seu Duplo” (1938), a pretensão tal como no Expressionismo, de regeitar as regras do teatro Naturalista de Stanislavski, dizendo ser uma forma de ação dramática limitada. Ele acreditava na comunicação teatral passando pelos sentidos e não uma apelação para a mente racional. Artaud, acrescenta ainda, que o teatro deveria ser para o público uma estética de mágica e energia, estrapolando os espaços teatrais
convencionais e representando nas ruas, fábricas, comércio, etc. Acreditava que desta forma, o público se confrontaria com sua própria subjetividade, com seus sentimentos, num processo doloroso, denominando então de “Teatro da Crueldade”.
O italiano Luigi Pirandello (1867-1936), com a sua famosa peça “Seis Personagens à Procura de Um Autor” (1921), explora a tensão entre ilusão e realidade, onde os personagens, atores e plateia se fundem e confundem dentro da experiência teatral. Uma espécie de surrealismo-absurdo. Na década de vinte, o teatro americano começa a possuir características próprias, pelas criações de Eugene O'Neill (1888-1953), que foi influenciado por Pirandello. Outros autores como Tennessee Williams (1911-1983) e Arthur Miller (1915-2005), também são responsáveis pela evolução da cultura teatral americana.
O “Teatro do Absurdo” está mais associado aos dramaturgos que escreveram após a segunda grande guerra, por se tratar de destruição de valores e crenças, e da solidão humana. Este teatro é denominado “Absurdo” por retratar a condição humana incompreensível e sem perspectiva. A ideia é fugir da estrutura narrativa familiar e sequencial, para abordar temas mais sombrios como os conflitos nas relações interpessoais, o isolamento humano, e o caminhar inevitável para a morte. Esses temas aparecem até mesmo na comédia, ficando de forma “absurda”, tendo como exemplo “A Cantora Careca” de Ionesco e “Esperando Godot”, de Beckett. Nesta estética, temos como ícones Eugène Ionesco (1912-1994), Samuel Beckett (1906-1989) e Jean Genet (1910-1986).
Os grupos teatrais que surgiram nas últimas décadas, costumam eliminar a quarta parede, aquela invisível, que separa público dos personagens. A tendência é trabalhar a encenação interativa e a produção de textos coletivos. O diretor passa a ser mais valorizado que o autor. Jerzy Grotowski (1933-1999) é um dos maiores nomes do teatro experimental atual, ele propõe a criação de um “Teatro Pobre” optando por uma encenação de extrema economia de recursos cênicos (cenográficos, indumentários, etc), buscando trabalhar apenas com o que é extremamente essencial à cena, deixando somente a relação entre o ator e o espectador.
TEATRO NO BRASIL
No Brasil, considerando que as peças escritas por Oswald de Andrade, como “O Rei da Vela” e “A Morta”, tenham sido revolucionárias para sua época, elas não foram encenadas após serem escritas, ficando esquecidas até a década de 1960. Então se formalizou que, no Brasil, o teatro contemporâneo iniciou com Nelson Rodrigues (1912-1980), cuja montagem de sua peça, “Vestido de Noiva”, em 1943, é o marco da modernidade do teatro brasileiro. Os personagens criados por Nelson Rodrigues, são um retrato fiel da psique humana. Suas peças apresentam enredos com sofisticados jogos temporais e possibilitam encenações de grande ousadia, com diferentes possibilidades de planos de ação dramática. Outros autores do panorama contemporâneo brasileiro são: Jorge de Andrade (1922-1983), Plínio Marcos (1935-1999), Ariano Suassuna (1927), Dias Gomes (1922-1999), entre outros.
FONTE DE PESQUISA:
1. PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999.http://educaterra.terra.com.br/literatura/temadomes/2004/09/02/002.htm;
2.http://www.colegiodante.com.br/escola/webquest/fundi_ii/teatro/idademodia.htm;
3. http://www.infoescola.com/artes/historia-do-teatro/.
Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário